De repente um cenário só visualizado em filmes surge em nossas vidas com uma enxurrada de notícias, conteúdos, novidades, críticas e conflitos, de forma muito dinâmica que consome rapidamente os nossos dias e a nossa atenção, a “moeda” mais valiosa nos dias de hoje. E isso nos confunde, desvirtua de novas oportunidades, tira o nosso foco, a nossa eficiência, os nossos resultados, o nosso sono e, em alguns casos mais graves, até a nossa saúde.
O que ocorre é um excesso de forças que conspiram para nos impedir na jornada da busca por “menos, porém melhor”, e acredito que talvez seja por isso que muitos acabam no caminho mal direcionado, do qual o autor Greg McKeown chama de “não essencialista”. Assim, entramos em uma fadiga decisória, de procrastinação, quanto mais escolhas somos forçados a fazer, mais é deteriorada a qualidade das decisões.
Neste contexto, a tecnologia que é grande aliada dos negócios, nos sobrecarrega de opiniões, não apenas de informações. Inúmeros “especialistas” emergem e também estamos muito mais próximos das opiniões alheias que insistem em nos desnortear sobre o que deveríamos focalizar.
Então o que fazer? Não tenho presunção de ter esta resposta em um momento de tantas incertezas. Contudo, gostaria de provocar algumas reflexões e apresentar dicas, associando algumas opiniões e conceitos extraídos de dois livros, “Essencialismo: a disciplinada busca por menos” e “Escassez: uma nova forma de pensar a falta de recursos na vida das pessoas e nas organizações”, dos autores, Greg McKeown; e Sendhil Mullainathan e Eldar Shafir, respectivamente.
FOCALIZAR: O que é importante agora?
Não era apenas o número de coisas que parecia avassalador, era aquele estresse já conhecido de ter muitas tarefas disputando a primeira posição o tempo todo. Quando senti a ansiedade e a tensão aumentarem, parei. Fechei os olhos e me perguntei: “O que é importante agora?” Depois de um instante de reflexão, percebi que, enquanto não soubesse essa resposta, o importante agora era descobrir o que era importante agora! (MCKEOWN, Greg., 2015)
Vamos enfrentar tempos de muita escassez de recursos. A escassez captura a nossa mente que se direciona de modo automático e fortemente “armada” para as necessidades não supridas. A escassez é mais do que a insatisfação de ter muito pouco. A escassez transforma o nosso mindset, a maneira como pensamos. Ela se impõe em nossas mentes.
Neste instante, pergunte-se usando critérios para obter respostas: “Essa é a coisa mais importante que eu deveria fazer com meu tempo e meus recursos neste momento?” Seja um Essencialista! Essencialismo é definido por “menos, porém melhor”. É necessário parar constantemente e se perguntar: “Estou investindo nas atividades certas?”
O essencialismo trata de fazer as coisas certas, o que não significa fazer menos só por fazer menos, mas sim, investir com sabedoria tempo e energia para contribuir ao máximo fazendo apenas o essencial. Sendo assim, aproveite a captura que a escassez provoca em nossa mente para tornar-se mais atento, eficiente e focado.
Esta é só uma das mais diversas situações na vida em que manter o foco pode ser um desafio. Claro que esta situação é mais desafiadora do que tantas outras.
Delongamos no trabalho e na vida, pois a distração nos acomete com frequência. Somos impulsionados a comprar produtos com preços altos, porque nossas mentes estão em outro lugar. Entretanto, um prazo apertado ou a falta de dinheiro faz com que nos concentremos na tarefa que está a nossa frente. Com o pensamento focado, a tendência a cometer erros é menor por motivos de descuido.
A trajetória do essencialista é pautada por um propósito, por princípios bem definidos. Por isso ele consegue manter o foco. Ao invés de tomar decisões descuidadas, o essencialista escolhe atentamente as poucas coisas vitais das muitas triviais, eliminando o que não é essencial para depois remover os obstáculos e alcançar o essencial.
Entendo que tudo parece confuso, mas se não estabelecermos prioridades, alguém fará isso por nós. Neste aspecto, tome cuidado para não pluralizar a prioridade, não aceite várias “primeiras” coisas, pois quando muitas tarefas são prioritárias, fica parecendo que nenhuma é.
A escassez força todas as escolhas e acomete nos tornar mais eficientes. Mas atenção! A escassez nos leva a “entrar no túnel”, então cuidado ao negligenciar outras coisas, possivelmente mais importantes. Essencialmente, a escassez é um acumulado de preocupações importantes.
Greg McKeown sugere seguir estes simples três passos para a tomada de decisões:
1º PASSO: EXPLORAR – DISCERNIR AS MUITAS TRIVIALIDADES DO POUCO QUE É VITAL
Seu propósito é discernir as poucas coisas vitais das muitas triviais.
2º PASSO: ELIMINAR – EXCLUIR AS MUITAS COISAS TRIVIAIS
O essencialismo não exige apenas disciplina mental, mas a disciplina emocional necessária para não ceder à pressão social.
3º PASSO: EXECUTAR – REMOVER OBSTÁCULOS PARA QUE A EXECUÇÃO QUASE NÃO EXIJA ESFORÇO
Em vez de forçar a execução, os essencialistas investem o tempo que pouparam para criar um sistema que remova obstáculos e torne a execução o mais fácil possível.
Quando conseguirmos alcançar o essencialismo em meio a este caos e percebermos que outros estão levando uma vida de estresse e sem sentido, teremos uma vida de impacto e de realização. Quem sabe ainda, poderemos ajudar aos demais. Sob vários aspectos, viver como essencialista nesta escassez, após viver em uma recente sociedade de excessos, será um ato de revolução gratificante. Lembrando, que viver totalmente como essencialista nem sempre é fácil.
Lembre-se, o fato é que depois que perceber que a força de vontade é só uma questão de aprender a controlar a atenção e pensamentos, você realmente começará a aumentá-la.
Então, segundo o texto de Mckeown, “Há uma diferença entre perder e ser vencido. Ser vencido significa que eles são melhores do que nós. São mais rápidos, mais fortes e mais talentosos. […] perder significa outra coisa. Significa que abandonamos o foco. Significa que não nos concentramos no que era essencial.”
Como você ou o seu negócio estará posicionado neste novo mundo? Saiba que podemos ajudar com isso. Não perca ou abandone o foco, e na falta dele, encontre-o. Adote a boa prática do essencialismo com um hábito. Conte sempre conosco!
Fontes:
Mckeown, Greg. Essencialismo: a disciplinada busca por menos. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.
Mullainathan, Sendhil; Shafir, Eldar. Escassez: uma nova forma de pensar a falta de recursos na vida das pessoas e nas organizações. 1. ed. – Rio de Janeiro: Best Business, 2016.
Este artigo foi escrito por Edson Fernando Graiczyk, consultor da Otimiza.