Desafiar o status quo e explorar suposições, propondo soluções não ortodoxas, esta é a mentalidade que deve ser praticada em todas as áreas da organização, mas, principalmente, por aqueles que têm o poder de decisão para implementar as ideias propostas.
É sobre este conceito que abordaremos neste mês. Continue lendo e conheça mais sobre a mentalidade de iniciante.
Repensar o modelo de negócio para se adaptar à nova realidade é um fato que acomete todos os negócios atualmente. Faz-se necessário investir em tecnologia, e os processos e atividades precisaram ser alterados, pois tudo deixou de ser como sempre foi, e isso mudou repentinamente.
Estudos realizados nos últimos dois anos, confirmam que a grande maioria das empresas precisaram acelerar a transformação digital e a digitalização corporativa, e uma das ações que contribui para melhorar a performance dos negócios nos momentos de incerteza, é o cultivo da mentalidade de iniciante.
Aprofundando os conceitos desta prática, percebemos que ela faz muito sentido na atualidade, pois recentemente fomos impactados por uma realidade onde todas as organizações estavam no mesmo patamar: não havia histórico, nenhuma delas tinha passado por momentos de isolamento físico e adoecimento das pessoas, e foi preciso fazer suposições e testar alternativas diferentes daquelas que vinham praticando.
E como atender ao aumento exponencial de compras por apps? Como entregar? Como separar pedidos fisicamente? Estas foram algumas das demandas urgentes que afetaram as empresas, e, se para algumas, o cenário foi visto como ameaça, para outras, foi a oportunidade perfeita para alavancar o negócio e crescer.
Nem mesmo a liderança tem sempre as melhores respostas, e por isso a mentalidade de iniciante continua fazendo a diferença na gestão empresarial.
Esta prática exige criatividade para:
- Criar novas estratégias e políticas;
- Desenvolver novas capacidades nas pessoas;
- Organizar o negócio como um todo, estrutura organizacional e formas de monitoramento;
- Fortalecer a cultura da empresa, fomentando ações de comunicação e alinhamento.
Dicas para praticar
Para a prática da mentalidade de iniciante, uma das principais questões é a reanálise dos valores atuais de abordagem que a empresa possui. Ao verificar o status atual, se torna possível encontrar novas possibilidades, visando sempre os resultados que a empresa traçou como objetivo.
Neste contexto, uma dica importante é evitar que as equipes sejam compostas por membros com as mesmas especializações, formações e vivências. É primordial que haja diversidade de pessoas, para que não exista barreira de criação de acordo apenas com pontos de vista e experiências similares.
Ademais, é fundamental que os líderes tenham sempre em mente a possibilidade de estarem errados. Isso porque, só assim será possível ir em busca do novo deixando de lado a experiência e o conhecimento existente para a tomada de decisão.
Claro que experiência é importante, bem como o conhecimento é necessário, porém, muitas vezes é preciso deixar essa questão um pouco de lado para que a exploração aconteça e, desta forma, inovações possam surgir.
Além disso, a mentalidade de iniciante também tem a premissa de que o presente não precisa replicar o passado. Pelo contrário, isso deve ser sempre questionado para que alternativas e novas possibilidades sejam criadas na empresa.
Outra questão importante relacionada à mentalidade de iniciante, é estabelecer que se pode desejar tudo que quiser. Isso significa dizer que a empresa pode sonhar com possibilidades sem restrição.
Quando uma ideia é concebida dentro de um limite restritivo, ela já nasce com limitações e cortes, de modo que dificilmente será algo inovador ou pouco ortodoxo. Sendo assim, se o pensamento for feito estabelecendo um rumo sem limites, os obstáculos pelo caminho surgem e isso pode servir como orientação para a tomada de decisões certas.
Por fim, outra questão a ser considerada para aplicar a mentalidade de iniciante é ouvir as críticas como um conselho. Solicitar opiniões é essencial na mentalidade de iniciante, sem que as ideias críticas sejam refutadas de imediato. Muitas vezes, inclusive, a partir de críticas é que uma grande próxima ideia pode surgir.
Quais são os benefícios?
Entre alguns dos principais benefícios que a mentalidade de iniciante oferece, podemos mencionar a maior facilidade para gerar inovações. Isso porque, ao deixar de lado formas ultrapassadas e consolidadas de pensamento e desenvolvimento de mercado, abre-se espaço para o novo.
Além disso, outro benefício é a chance de inserir os negócios em um patamar em que os demais concorrentes precisam alcançar, e não o contrário. Ou seja, se existe sempre um fluxo de criações em que o mercado atual se baseia, necessitando de inovações e crescimento constantes, é fundamental que sua empresa não precise correr atrás do fluxo, mas que esteja à frente disso.
Considerações finais
Para movimentar o negócio em novas direções é preciso sair do convencional, principalmente quando algo imprevisível mudar a regra do jogo. E assim é o mundo corporativo de hoje e do futuro: mudança atrás de mudança, cada vez mais rápidas e impactantes.
Ideias revolucionárias não precisam ser aleatórias ou golpes de sorte, elas podem ser cultivadas.
Deixar de lado tradições, questionar e reavaliar os métodos periodicamente resulta em inovação e reinvenção constante. Mas não basta simplesmente ter uma ideia, é preciso coragem para colocá-la em prática. E é neste ponto, que entra o papel da liderança, pois mesmo que a solução não tenha partido dela, e sim da equipe, é o poder de decisão dos líderes que fará com que de fato, as coisas mudem e aconteçam.
Dessa forma, com o uso da mentalidade de iniciante, as chances de um negócio conseguir lidar melhor com as ameaças competitivas, são muito maiores. Além disso, esse conceito é utilizado como combustível para o desenvolvimento de novos serviços e produtos, sempre tendo como parâmetro o que ainda não foi pensado, utilizado ou o que não está consolidado.
E se você quiser saber mais sobre este termo, pesquise pelo autor Shunryu Suzuki. Ele escreve sobre o conceito de shoshin, que “refere-se a ter uma atitude de abertura, avidez e ausência de preconceitos ao estudar um assunto, mesmo em um nível avançado, como faria um iniciante. O termo é especialmente usado no estudo do Zen Budismo e das artes marciais japonesas.”
Fontes: