Com a escassez da mão de obra qualificada, surge a maior dificuldade em reter bons profissionais, tornando urgente a necessidade de uma transformação no modelo de gerenciar as pessoas, pois estamos em constante evolução, nos tornamos cada vez mais exigentes, questionando os modelos rígidos e burocráticos de gestão. Neste contexto, outros formatos mais propícios à construção de ambientes corporativos mais saudáveis, e que auxiliem o trabalhador a se sentir mais realizado em suas funções ganham relevância, e é por isso que neste mês daremos destaque ao modelo gerencial humanizado.
O que é o modelo gerencial humanizado
Entendemos que o modelo gerencial humanizado é uma remodelação dos processos organizacionais de forma a acolher as necessidades das pessoas envolvidas na realização das atividades, visando alcançar a produtividade pretendida, sem que se perca a harmonia, gerando satisfação e bem-estar aos trabalhadores.
Um estudo divulgado pela USP — Universidade de São Paulo demonstrou que as empresas que optam pelo modelo de gestão humanizada acabam obtendo lucros superiores quando comparadas às empresas que seguem outros sistemas de gerenciamento.
No entanto, não são apenas de lucros que esse tipo de gerenciamento vive. Exploraremos neste artigo algumas de suas nuances.
Não dá para explicar o que é o modelo gerencial humanizado sem tratar um pouco de história. Nos séculos anteriores à revolução industrial, o ser humano lutava para sobreviver, plantando durante as estações propícias para guardar e sobreviver aos invernos.
No entanto, agora o cenário é bem diferente. O enriquecimento de parcela da população, bem como o maior acesso à informação levou a sociedade a buscar por bens de consumo de várias espécies e experiências enriquecedoras de forma geral, como lazer, gastronomia e viagens.
Essa transformação cultural também teve seus impactos nos ambientes de trabalho. Porque os funcionários, pautados por uma nova realidade, passaram também a exigir melhores condições e maior participação nas decisões dos processos gerenciais e produtivos.
Principais conceitos
Como dito anteriormente, o modelo de gerenciamento humanizado tem como foco o equilíbrio entre os resultados e o bem-estar e satisfação dos colaboradores. Com isso, desenvolveram-se pilares sobre os quais, as práticas e processos precisam estar posicionados, visando o melhor desenvolvimento possível tanto dos resultados, quanto da saúde do ambiente corporativo.
Observação das necessidades dos colaboradores
Diferentemente dos modelos mais tradicionais de gerenciamento, na gestão humanizada, os funcionários de uma empresa são considerados seus principais ativos. Isso porque são eles que fazem tudo acontecer.
Assim, é sempre importante manter o foco nas necessidades apresentadas por eles dando suporte para que elas sejam supridas. Isso pode tanto se materializar como a disponibilização de instrumentos e ferramentas adequadas ao trabalho, como treinamentos e capacitação profissional, visando o melhor desempenho.
Além disso, é importante lembrar sempre que, seja qual for o motivo, é fácil um funcionário se sentir frustrado ao não conseguir realizar seu trabalho de forma adequada. Por este, e outros motivos, é preciso observar as suas necessidades.
Comunicação eficiente
A qualidade da produção humana sempre esteve ligada a capacidade e a eficiência de comunicação. No modelo de gerenciamento humanizado, isso não é uma exceção.
No entanto, não estamos falando aqui apenas da capacidade dos líderes se comunicarem com os colaboradores. Um ambiente favorável à comunicação é aquele no qual a cultura organizacional propicia a livre expressão de ideias e fomenta a criatividade e proposição de soluções para conflitos e problemáticas.
Proximidade entre os membros da equipe
Outro dos principais conceitos da gestão humanizada é a adoção de estratégias que aproximem as pessoas que atuam em conjunto. Isso é de suma importância, uma vez que essa proximidade aumenta o sentimento de pertencimento ao time, e, como consequência, os colaboradores apresentam maior engajamento com as metas propostas. Além, é claro, de criar um ambiente de trabalho mais colaborativo e saudável.
É importante ressaltar ainda que esses não são os únicos conceitos envolvidos no modelo de gerenciamento humanizado. Existem muitos outros que merecem ser bem estudados, não apenas por líderes, mas por todos envolvidos nos processos organizacionais.
Vantagens
Naturalmente, o modelo de gerenciamento humanizado vem trazendo inúmeros benefícios para as empresas que o adotam e, também, para os seus colaboradores. Além das vantagens econômicas já citadas, uma série de outros benefícios podem ser listados.
Podemos enfatizar a retenção de talentos como uma destas vantagens, visto que um dos grandes problemas das empresas, hoje, é encontrar profissionais qualificados. Como se isso não fosse o suficiente, a evasão desses trabalhadores também é algo bastante recorrente.
Esse, sem dúvida, é um dos maiores benefícios da gestão humanizada. Ao fazer com que o funcionário se sinta parte da equipe e tenha um ambiente de trabalho agradável, será muito mais difícil que ele deixe o local indo para outra empresa.
Os ganhos refletidos na produtividade dos funcionários, promovidos pelo equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional também são evidentes. No modelo de gestão humanizada, existe a preocupação de que os funcionários tenham tempo e energia suficientes para desfrutarem de suas vidas, hobbies e famílias, e isso resulta na criação de vínculos maiores entre o profissional e a empresa.
Desafios
Apesar de todos esses belos conceitos e benefícios, o modelo de gerenciamento humanizado frequentemente se depara com desafios que precisam ser encarados para que a gestão funcione de forma efetiva.
Talvez o maior destes desafios seja justamente a transição pela qual as empresas estão passando. Vindas de modelos rígidos ou burocráticos de gestão, muitas culturas organizacionais ainda precisam manter as coisas como elas eram.
Assim, encontrar abertura para novas práticas e propostas pode ser muito difícil. Talvez mais difícil ainda, seja reestruturar o modelo de gestão e a cultura organizacional, sem criar crises internas que acabam impactando na qualidade da produção.
O gestor que pretende iniciar essa transformação, antes de tudo, precisa compreender o contexto no qual está inserido, e os desafios peculiares de cada setor e de cada empresa.