Ordem e caos não são opostos, mas sim partes de um ciclo contínuo onde o caos pode levar a novíssimas formas de organização e estrutura. O caos, no contexto empresarial, pode ser definido como uma força impulsionadora que leva à inovação e ao progresso. São as mudanças inesperadas, os desafios complexos e as surpresas abruptas que nos levam a novos paradigmas, estabelecendo mudanças no mindset. Em vez de temer o caos, as organizações devem abraçá-lo como uma oportunidade ímpar para a evolução e o crescimento. 

O caos como motor de inovação

A cultura de uma empresa influencia diretamente em como ela lida com o caos e se adapta às mudanças. Uma mentalidade resistente, pode “congelar” as equipes diante do inesperado, ocasionando a perda de oportunidades proporcionadas unicamente através do enfrentamento de novos caminhos. Reed Hastings, fundador e copresidente da Netflix, cultua o jargão “A gente opera no limite do caos”. A empresa distingue funcionários “excepcionais” dos `’adequados”, e, ao invés de oferecer treinamento para os adequados, opta pela demissão. Reed lançou, em colaboração com a especialista no mundo nos negócios Erin Meyer, o livro “A regra é não ter regras” que narra os bastidores da cultura da superpotência de streaming criada em 1997, cuja receita alcançou US$ 9,56 bilhões*, subindo 16,7% no último exercício. 

Jeff Bezos, fundador da Amazon, é conhecido por abraçar o caos, incentivando a experimentação contínua e a disrupção interna como forças para manter a liderança de mercado. Sua trajetória é marcada por formas agressivas de “fazer negócios”. A empresa começou como uma livraria online e hoje desponta como uma empresa multinacional de tecnologia, considerada uma das cinco maiores companhias, ao lado do Google, Apple, Microsoft e Meta.

A Tesla, liderada por Elon Musk, é também um exemplo perfeito de que abraçar o caos pode levar à disrupção em uma indústria tradicional. Eles desafiaram o status quo da indústria automobilística com veículos elétricos, energia solar e soluções de transporte autônomo. Atualmente seu valor de mercado* supera a GM e a Ford juntas.

Os exemplos acima são notórios e de grandes companhias internacionais. No entanto, muitas empresas locais, mais próximas da nossa realidade, apresentam um ritmo de crescimento acelerado justamente por romperem crenças e resistências históricas. 

Estratégias para transformar caos em ordem

  1. Adaptabilidade e resiliência: discuta sobre como desenvolver uma cultura organizacional mais flexível, capaz de se adaptar rapidamente às mudanças. Identifique os pontos de resistência e mobilize-se para dissolvê-los.
  1. Abra-se para a inovação: incentive a colaboração e a inovação aberta, permitindo que ideias novas fluam e floresçam.
  1. Crises devem ser geridas: implemente processos de gestão de crises. Transforme desafios em oportunidades para melhorar a eficiência e a competitividade.
  1. Autoconhecimento: tire um tempo para refletir sobre as suas próprias reações diante de situações de crise. Conhecer seus gatilhos emocionais poderá ajudá-lo a gerenciá-los melhor. 
  1. Avalie forças e fraquezas: entenda suas competências e áreas de melhoria. Isso permitirá que você saiba quando deve assumir a liderança e quando confiar em especialistas. 

A sabedoria do recuo estratégico

Evite optar pela resistência, enfrentando a si mesmo. A sabedoria indicará quando é o momento de recuar estrategicamente. Isso não significa desistir, mas sim tomar uma posição de reconexão com a situação, sabendo planejar os próximos passos. Como analogia, podemos trazer o exemplo da natureza, onde alguns tipos de animais agem diante do medo, utilizando-se da “fuga” como uma das respostas mais comuns ao medo. Da “imobilização”, ficando congelados diante de uma ameaça iminente, ou a “luta”, quando a fuga não é uma opção como forma de reação diante das ameaças. Existem múltiplos recursos disponíveis no humano quando este utiliza seu poder de liderança e enfrentamento. O caos sempre proporcionará uma nova ordem. E a humildade em reconhecer falhas é a chave para a devida abertura ao novo. 

Fontes: metodologia proprietária Otimiza Consultoria, vivência nas organizações, fontes na internet e literatura de gestão empresarial diversas.

*Valor Econômico